Tratamento HIPEC no Brasil

Dúvidas frequentes sobre tratamento HIPEC no Brasil.

Atualmente na internet existem poucos conteúdos direcionados ao público geral sobre o tratamento HIPEC no Brasil.

Afinal: HIPEC é uma cirurgia, um tratamento ou um procedimento?

Para sanar essas dúvidas separamos algumas das perguntas mais frequentes sobre o tratamento HIPEC.

HIPEC é a sigla em inglês utilizada para tratamento de “Quimioterapia Hipertérmica Intraperitoneal/Intrapleural” (Hiperthermic Intraperiotenal Chemoterapy). Portanto o HIPEC é considerado um TRATAMENTO. O HIPEC é aplicado logo após a cirurgia citorredutora, abreviada como CRS. A CRS é uma cirurgia complexa que consiste na ressecção cirúrgica do(s) tumor(es) associada ao uso de quimioterapia a temperatura de aproximadamente 41,6ºC no interior da cavidade abdominal do paciente. O tratamento HIPEC se tornou uma opção promissora de tratamento para tumores que até poucos anos eram inexoravelmente fatais e não respondiam eficientemente a nenhum tratamento.
Através dos estudos do Dr. Paul Sugarbaker, em meados da década de 1980, é que se deu o surgimento da quimioterapia intraperiotenal hipertérmica, conhecida como HIPEC. O uso do HIPEC é sempre associado com a Cirurgia de Citorredução (CRS) e é voltado para pacientes com tumores abdomino-pélvicos que evoluíram por conta do aparecimento da carcinomatose peritoneal. Através da administração do HIPEC é possível conseguir concentrações muito maiores de quimioterápico na superfície peritoneal, em comparação ao tratamento com administração endovenosa. O tratamento HIPEC é realizado através de uma perfusão uniforme e com grande concentração de quimioterápicos dentro da cavidade periotenal, cuja ação é potencializada através do calor, que varia entre 41ºC e 43ºC, com duração de 30 a 90 minutos. Sua indicação tem como objetivo erradicar a doença residual microscópica (células e tumores restantes que não podem ser vistos a olho nu), buscando consolidar os resultados da cirurgia.
Em comparação a outras técnicas de tratamento, o HIPEC possibilita uma concentração de quimoterápico muito maior para atingir as células. Além disso, sabe-se que o quimoterápico, quando aplicado diretamente no local, possui uma ação muito mais efetiva do que se aplicado via endovenosa. Algumas das drogas utilizadas no procedimento HIPEC chegam a ser dez vezes mais potentes. Outro ponto muito benéfico é a associação à hipertermia (calor), que potencializa ainda mais os efeitos, pois uma temperatura elevada é citotóxica, ou seja, tóxica para as células comprometidas. Esses são apenas alguns dos benefícios que o tratamento HIPEC possibilita aos pacientes, sendo o efeito mais significativo.
Assista ao vídeo abaixo, com detalhes em 3D, de como é realizado todo o procedimento. Da cirurgia CRS à aplicação do tratamento HIPEC:

O tratamento HIPEC é indicado em pacientes diagnosticados com tumores potencialmente passíveis de citorredução, apresentando risco de recorrência após a cirurgia de retirada do tumor. É também indicada quando há presença de disseminação do câncer periotenal passível de citorredução, em conjunto com a retirada do tumor primário, ou após recorrência. Principais Indicações do tratamento HIPEC:
  • Pseudomixoma peritoneal
  • Mesotelioma peritoneal
  • Carcinoma do apêndice
  • Carcinomatose por Ca colorretal
  • Carcinomatose por Ca gástrico
  • Carcinomatose por Ca de ovário
  • Outros tumores raros
Relativas:
  • Carcinoma com células em anel de sinete
  • Linfonodos metastáticos
  • Doença oligometastática hepática ressecável
  • Índice de Carcinomatose Peritoneal (ICP) alto (depende do sítio primário de carcinomatose) - Exemplo: pseudomixoma peritoneal
Fonte: http://www.carcinomatoseperitoneal.com.br
Os procedimentos HIPEC são realizados em diversos hospitais referência por todo o Brasil que estão aptos a realizar cirurgias de citorredução. Caso seja paciente, se informe com o seu médico oncologista.
O tratamento HIPEC é altamente seguro, desde que realizado por cirurgião altamente qualificado, amparado por um equipamento apropriado, devidamente homologado pela ANVISA e INMETRO para a realização do procedimento, auxiliado por uma equipe técnica qualificada.
Atualmente, no Brasil, há apenas um equipamento homologado pela ANVISA para realização do tratamento HIPEC, chamado Sistema Performer HT da empresa RanD (registro ANVISA número 10324290043).

Sistema Performer HT, da RanD. Único equipamento homologado pela Anvisa.

Sim, o Sistema Performer HT da RanD para aplicação do HIPEC é certificado pelo INMETRO (certificação INMETRO número 15.03689).
Segundo o advogado especialista em ação contra planos de saúde, Dr. Elton Fernandes, a Justiça tem garantido a centenas de pacientes o direito ao procedimento HIPEC.
“Não importa se o plano de saúde é básico, especial ou executivo, tampouco se é um plano familiar, empresarial ou de qualquer outro tipo, todos os planos de saúde têm sido obrigados a custear o tratamento de HIPEC na Justiça, mesmo os planos regionais que só atendem poucos hospitais”, diz o advogado Dr. Elton Fernandes.
Basta que um médico recomende, mesmo não credenciado ao plano de saúde. Com a recomendação o paciente deve solicitar ao plano de saúde e, assim que houver a negativa, deve procurar um advogado especialista em plano de saúde. Rapidamente, via liminar, algumas vezes em até 48 horas, a Justiça poderá determinar o fornecimento imediato pelo convênio médico.
Se o paciente não tiver hospital na rede credenciada que tenha capacidade para fazer o HIPEC, a Justiça pode determinar que o procedimento seja feito em hospital fora da rede credenciada. É comum, por exemplo, que pacientes que tenham plano de saúde regional de outros Estados venham, por exemplo, para São Paulo realizar o tratamento HIPEC em um grande hospital local com tudo pago pelo convênio médico.

Informações para o paciente

As perguntas abaixo contêm informações importantes para pacientes com Carcinomatose Peritoneal.

Fonte: site RanD

A carcinomatose peritoneal é um tumor que se espalha do seu local de origem para o peritônio, que é uma membrana que reveste toda a cavidade abdominal.
Diretamente no peritônio há dois tipos de tumores: 1. Mesotelioma Peritoneal: tumor que se desenvolve diretamente no peritônio. 2. Pseudomixoma Peritoneal: tumor causado por mucocele, geralmente localizado no apêndice, próximo ao peritônio. Tumores primários desenvolvidos em outros órgãos que se transformam em carcinomatose peritoneal: - Cólon-reto - Ovário - Estômago - Mama - Pâncreas
O número varia dependendo da origem do tumor maligno: Mesotelioma Peritoneal: 2/3 pacientes por ano a cada 1 milhão de pessoas Pseudomixoma Peritoneal: 1/2 pacientes por ano a cada 1 milhão de pessoas Carcinomatose Peritoneal originada por tumores de outros órgãos: centenas de milhares por ano Estima-se que pelo menos 15% dos pacientes com tumores do cólon, 60% dos pacientes com câncer de ovário e 50% dos pacientes com tumores gástricos podem desenvolver carcinomatose peritoneal.
Durante sua fase inicial, a carcinomatose peritoneal pode ser completamente assintomática e, em muitos casos, é detectada apenas durante a ressecção cirúrgica do tumor primário. Estes podem ser os sintomas: - Inchaço abdominal - Perda de apetite e de peso - Náusea e constipação - Dor abdominal - Cansaço - Falta de ar devido ao acúmulo de grandes quantidades de fluidos na cavidade abdominal (ascite)
Ainda não existe um teste específico para o diagnóstico. Geralmente é necessário realizar uma uma combinação de vários exames, entre os quais: - Testes de padrões hematoquímicos e marcadores tumorais - Tomografia computadorizada - PET (tomografia por emissão de pósitrons) - Biópsia - Laparoscopia - Endoscopia
Até pouco tempo atrás o tratamento de carcinomatose peritoneal era considerado um esforço inútil e os pacientes geralmente sobreviviam apenas por algumas semanas ou meses após o diagnóstico, dependendo da gravidade do câncer, das condições do paciente e da origem da carcinomatose peritoneal. Porém nas últimas duas décadas a situação mudou e agora muitos hospitais, em todo o mundo, podem oferecer um tratamento para pacientes selecionados.
O tratamento é uma intervenção cirúrgica complexa realizada em duas fases combinadas para ser executada em sequência: Primeira FaseCirurgia Citorredutora (CRS): destina-se a remover todos os tumores visíveis que estão na região do peritônio. Os órgãos intra-abdominais afetados pelo tumor podem ser ressecados e removidos com segurança para garantir que nenhum vestígio de malignidade seja deixado. Segunda FaseAplicação HIPEC (quimioterapia hipertérmica intraperitoneal): seu objetivo é matar os depósitos microscópicos residuais e as células tumorais, que, como são invisíveis a olho nu, podem ser deixados para trás no abdômen após a cirurgia. Consiste na administração de uma solução hipertérmica de quimioterápicos altamente concentrados aplicados diretamente na cavidade peritoneal. É um banho na cavidade peritoneal feita por circulação por 30/60/90 minutos com quimioterápicos aquecidos a 41-43°C, utilizando-se sempre um equipamento dedicado.
O tempo médio de sobrevida para pacientes não tratados é de 2 a 6 meses após o diagnóstico, dependendo da origem do tumor.
O tratamento é realizado com o objetivo de curar o paciente. No entanto deve-se ressaltar que a carcinomatose peritoneal é um câncer altamente agressivo que, em alguns casos, pode ocorrer após a intervenção. Embora nem todos os pacientes possam ser tratados, em geral, o tempo de sobrevida pode ser aumentado em anos em vez de meses. O prognóstico pode ser influenciado por vários fatores, como: – Origem e extensão da malignidade ao diagnóstico – Possibilidade de matar todas as células tumorais visíveis durante a cirurgia – Condições do paciente
Não. Nem todos os pacientes são elegíveis para o tratamento com CRS e HIPEC. A indicação depende de fatores como idade, condições gerais do paciente, origem da carcinomatose e gravidade da doença no momento do diagnóstico. Este tratamento é atualmente considerado como abordagem padrão em muitos países para pacientes selecionados com diagnóstico de mesotelioma, pseudomixoma e carcinomatose peritoneal originados por câncer de cólon-reto. Alguns hospitais também realizam este tratamento para outras indicações, como carcinomatose peritoneal, de câncer gástrico ou ovariano.
A intervenção para o tratamento é realizada com anestesia geral e geralmente dura de 3 a 9 horas, mas em alguns casos, pode levar muito mais tempo.
Apesar da complexidade deste procedimento esta intervenção é considerada segura. A taxa de mortalidade por complicações do tratamento é inferior a 3%, bem mais favorável do que outras cirurgias de alto risco.
Como esse procedimento é muito complexo e invasivo, os efeitos colaterais pós-intervenção são frequentes. Os efeitos secundários mais frequentes são infecções do pulmão ou da bexiga, complicações da ferida e incapacidade de beber e/ou comer durante alguns dias. Um efeito secundário menos frequente é a infecção abdominal. Já a perda de cabelo é raramente observada.
Atualmente muitos hospitais em todo o mundo podem oferecer esse procedimento a pacientes selecionados. O tratamento é muito desafiador e requer que os pacientes sejam cuidadosamente avaliados por uma equipe multidisciplinar, incluindo um médico oncologista, um oncologista cirúrgico, um radioterapeuta e um patologista com profundo conhecimento de carcinomatose peritoneal.
Sim. Um controle inicial, normalmente, é realizado algumas semanas após a intervenção. Já os próximos controles são realizados a cada 3 meses. Essa frequência cai, gradualmente, para um controle por ano.
Com o objetivo de melhorar ainda mais os resultados da intervenção o médico pode sugerir uma quimioterapia sistêmica adicional. Tal quimioterapia, geralmente iniciada entre 4 e 6 semanas após a intervenção, é administrada por infusão e/ou pílulas, com o objetivo de prevenir ou retardar a recidiva do câncer e a disseminação metastática para outros órgãos, como rins ou pulmões. Este tipo de quimioterapia é chamado de quimioterapia adjuvante.
O paciente precisa ficar hospitalizado num período que varia de 2 a 4 semanas.

Apoio: